quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

prólogo

Bom...começa-se uma historia que não necessita de era uma vez ou a muito tempo atrás; pois o relevante aqui; talvez para mim, seja passar a ideia de um diário aberto, um deposito de minhas lembranças, um bau de minhas aventuras; que, quem sabe se assemelhe a de alguém ou que sirva a alguma pessoa que tenha interesse por estas historias. Por tanto, vale lembrar que não sou escritor, muito menos senhor da razão; apenas um homem comum, querendo relatar algo, que nesse momento me apela a divulgar - minha vida.


Minha historia começa muito antes desta; mas acho interessante começar-mos com esta, para então seguir com as demais envolvidas; por tanto, descrevo minha experiência a partir do surgimento do coyote; simbolo que descrevo aqui com y e não com i; pois trata-se de um ser idealizado no que achei ser o fundo do meu posso.

Era o ano de 2004 quando eu estava louco para viajar para o Rio de Janeiro; precisamente para a cidade de Niterói; pois havia ali algo importante para meu futuro - Um casamento.
Eu estava na cidade de Parnaíba no Piauí; morava lá uns 2 anos, trabalhando em uma gráfica para ser ou ter um caráter profissional, pois sonhava com a possibilidade de ser um futuro publicitario; no entanto, meu tempo ali havia terminado; meu rumo era o Rio de Janeiro; porém, como chegar lá, se convivia comigo meu fiel e velho cachorro, doado a mim quando tinha 12 anos; que necessitava de cuidados especiais, pois era paraplégico, devido a um acidente quando ele tinha 2 anos. Pensei em inúmeras possibilidades e achei uma - viajar em um caminhão. Se pensar-mos a respeito, acharíamos soluções mais plausíveis, pois existiam; apenas que na ocasião eu não queria pensar muito nelas; mas se houvesse a possibilidade de pensar, não existiria a aventura que estava por acontecer.
Em uma manhã, procurei um posto de gasolina onde se encontravam inúmeros caminhões e seus respectivos motoristas; perguntando a todos ali, quem poderia por uns R$ 250,00 levar-me e transportar meu velho mascote a um destino que ainda não era Niterói. Um homem de quase 40 anos topou, marcamos para o dia seguinte, pois seu destino seria a cidade de Belém, no Pará; cidade na qual eu tinha interesse, devido ao estado do meu cão; deixaria ele sob os cuidados de uma amiga, que sempre me ajudou; sabendo ela, que seria temporário; pelo menos até conseguir juntar dinheiro para transporta-lo em um avião até a cidade no Rio de Janeiro; de forma simples e segura; sabendo que meu cachorro seria muito bem tratado até a chegada deste dia.
No dia seguinte, embarquei na aventura; com receio claro, pois não tinha medido as consequencias; podendo aquele caminhoneiro ser qualquer coisa de má índole. Mas o susto passou a medida que avançava-mos nesta minha louca aventura; pois ele era bastante comunicativo e gostava de contar muitas historias; umas até assustadoras; porém, era um cara legal, justo e honesto; talvez devido a família que deixava sempre pra trás em busca de seu ganha pão.
Nos dias da viagem, que então seriam 3 dias até Belém; surgiu um telefonema que o informou que sua carga não poderia ser descarregada lá devido a algum problema que não me lembro mais; no entanto, ele já estava na rota e tinha a obrigação de carregar outro material quando chegasse lá. Ele então perguntou-me:
- Aceita vender comigo está carga pelos municípios que encontrar-mos pelo caminho?
A carga era sal; muito sal.
Perguntei a ele como venderíamos aquilo e como.
- Simples; respondeu ele.
- Buscaremos um outro auxiliar em uma cidade que conheço e pagarei a ele e a você o que conseguir vender.
A ideia era estranha; mas topei; apenas porque ele disse que pagaria em dinheiro.
Seguimos para uma cidadezinha no interior do estado do Pará, onde achamos o ajudante em uma casa simples de madeira. Seu nome era Antônio; excelente contador de piadas e neto de uma cartomante local.
Enquanto Antônio se preparava para a viagem; eu, com minha boa educação, conversava com seus familiares e contava como teria parado ali. A senhora; avó de Antônio veio até minha presença e falou comigo.
- Você fala como se estivesse sozinho no mundo meu rapaz.
Fiquei a estranhar; pois não havia razão nas palavras dela. Mesmo assim ela prosseguiu:
- Seus problemas tem soluções simples e você sabe que têm. Olhe dentro de você e veja quem o acolhe na sua solidão.
Assustei-me com aquilo; mas sorri para não cometer nenhuma desfeita. Mas ela insistiu e me disse:
- Seu coração briga com cães; uns bons, outros ruins; depende de você decidir quem alimentar.
Lembrei-me na hora do meu irmão; pois uma vez ele me falou algo parecido; mas para ele, tudo girava em torno de lobos; pois ele se considerava um lobo solitário; desgarrado de sua matilha sabe-se lá porque?
No meu caso; eu gostava de solidão, preferia escolher um animal solitário por natureza e que representasse força nas minhas necessidades juvenis. Foi quando brincando falei a velha:
- Acho melhor ser um coiote do que cães; pois cães são fieis em demasia com quem os alimenta. Já um coiote; ele não é bom, nem ruim; apenas ele, assim como eu.
A velha respondeu-me:
- Que seja então o coiote aquele que é ruim; pois você é bom por si só; percebe-se isso só por estar com você.
Saímos da casa quando Antônio passou por nós dizendo uma simples gíria.
-Vamborá?
Sai daquela cidadezinha sem saber o nome da velha e de sua cidade, levando comigo aquela conversa que tive; até então sem logica e temerosa para mim; por tanto, desejei esquecer-me daquilo e nunca mais tocar no assunto; mesmo que Antônio tivesse me falado o nome da avó, preferia ficar com lembrança alguma daquilo, pois me assustava aquilo que desconhecia.
Eu nunca me considerei bom; apenas tentava ser bom; pois sempre tive em mente que o ser humano é ruim por natureza; por tanto, era bom para aquilo que lhe era conveniente.
Pensei nisto durante o trajeto e me peguei indagando o quanto eu não gostava da raça humana, mas mesmo assim, queria ter um filho - um ser humano.
O coiote; pensei comigo; ele devora meu coração nestas horas negras em que odeio a raça humana.

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